- Área: 748 m²
- Ano: 2015
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Fotografias:Rodolpho Reis
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Fabricantes: Hunter Douglas, Atlas Schindler, Casa Vidro, Ceusa, Cimentíssimo, Ecotelhado, Engemix, Finestra, NGK, Sincol, Sul Gesso, Suvinil, Viapol, Vidrotil, alvenaria de vedação, concreto armado
Descrição enviada pela equipe de projeto. Implantado no lote 279 da Avenida América, uma avenida residencial, tranquila e bem arborizada, o edifício Casa América está encravado em um bairro de uso misto na cidade de Porto Alegre.
O programa foi desenvolvido muito em função das dimensões extremamente reduzidas do terreno, de apenas sete metros e setenta de testada por trinta metros de profundidade, fazendo com que o corpo do prédio fosse adossado às duas divisas e criando, assim, duas grandes empenas cegas. A consequente falta de janelas laterais também fez com que fossem delimitados dois apartamentos por pavimento, separados por um poço de luz, evitando assim grandes extensões lineares com ausência de iluminação e ventilação natural em uma mesma unidade. Outra necessidade decorrente das empenas cegas foi a de ampliar ao máximo as aberturas das fachadas, utilizando esquadrias em grande formato e guarda corpos em vidro laminado incolor. Esta amplitude frontal, além do objetivo de compensar o déficit gerado pelas empenas, foi pensada também de tal forma que permitisse um melhor enquadramento da massa arbórea a partir da perspectiva do morador, permitindo que este encontre o luxo na possibilidade de introspecção junto à natureza, e não na ostentação ornamental.
O Casa América é um edifício de escala reduzida, porém humana, carregado de sensorialidade tanto externa como internamente. O edifício possui área condominial enxuta, com seis pavimentos nos quais estão distribuídas as vagas de estacionamento, uma área de lazer descoberta no último pavimento, e seis unidades habitacionais. Estas divididas em três tipologias distintas, com áreas que variam entre 72 e 115 metros quadrados privativos e plantas que permitem diferentes possibilidades de layouts internos, sendo entregues apenas com o banheiro e o lavabo já construídos internamente. Essa possibilidade de escolha objetivou dar ao próprio morador a autonomia de escolha do uso e do espaço do seu apartamento, seja pelo layout interno, pela quantidade de dormitórios, ou pelas dimensões de cada ambiente, refletindo, assim, o seu estilo de vida e suas preferências.
O projeto teve como premissa o respeito à importância das áreas condominiais na nossa rotina diária, áreas estas comumente esquecidas e negligenciadas do ponto de vista arquitetônico, e que compreendem uma importante zona de transição entre o caos urbano e o conforto do nosso lar. Para isso, idealizou-se a criação de uma mesma identidade sensorial desde a fachada passando por todas áreas condominiais, como a garagem, a circulação de acesso aos apartamentos e o terraço vegetado na cobertura, utilizando-se da materialidade orgânica, de cores quentes e de intervenções artísticas para criar uma energia intimista e de aconchego. Esta energia criada tem por objetivo fazer com que o morador não se sinta em casa apenas da porta do seu apartamento para dentro, mas sim a partir do momento em que entra pela garagem do seu prédio. Daí o nome do edifício: Casa América.
Na fachada, solucionada com linhas simples e formas neutras, destaca-se a contraposição da materialidade, buscando uma linguagem estética que confrontasse de maneira harmoniosa o passado ao presente. A presença dos tijolos rústicos de barro manifesta a ideia de criar uma atmosfera não só de conforto mas também de nostalgia aos moradores do edifício e também da região, remetendo-nos às origens das técnicas construtivas. Em contraponto à rusticidade do tijolo, foi projetado um volume levemente deslocado deste, em porcelanas pretas, que juntamente com os painéis de vidro da fachada exploram e evidenciam as diferenças estéticas de cada material, oferecendo um contraste marcante de texturas e reflexos.
Compensando a falta de equipamentos comuns, como salão de festas ou academia (espaços oferecidos em abundância no bairro onde está inserido), foi projetado um espaço de lazer e contemplação no último pavimento, com um terraço vegetado com tecnologia que dispensa rega diária e maiores manutenções, devido à contínua presença de água e nutrientes em sua base. Este espaço, além de oferecer aos moradores a possibilidade de disfrutar de uma vista plena da cidade, oferece aos vizinhos de prédios do entorno uma vista mais agradável quando comparado aos telhados convencionais, ganhando mais área verde na sua paisagem diária.